As afirmações do Sr. Primeiro-ministro, segundo as
quais os reformados auferem pensões generosas demais, que não correspondem às
contribuições por eles subscritas para a Segurança Social, pelo que considera
justa a taxa de solidariedade que lhes vai ser aplicada, demonstram a sua
desumanidade e o seu desconhecimento das realidades que envolvem a vida desses
reformados.
Talvez, o Sr. Primeiro-ministro se esteja a referir a alguns colegas do seu Partido, nomeadamente à Presidente da Assembleia da República, a Srª Dnª Assunção Esteves, que aufere uma subvenção vitalícia de mais de 5.000 euros mensais aos 42 anos ou ao Sr. Duarte Lima, que se reformou aos 39 anos, ou ao Sr. Mira Amaral, ou ainda ao Sr. Catroga que se "reformou" ao abrigo da lei aplicável aos políticos, ao abrigo da qual eles recebem 9.000 euros mensais. Ou será que, eventualmente, se estará também a referir aos políticos de vários quadrantes, que ao fim de 8 anos ou dois mandatos têm direito a reformar-se? Ou estará a referir-se aos Senhores Governadores do Banco de Portugal, que ao fim de 5 anos têm chorudas reformas?
Se não for a estes exemplos que o Sr.
Primeiro-ministro se refere, não acreditamos que se esteja a referir aos casos
dos reformados que contribuíram para a Segurança Social durante mais de 40 anos
- assim como as suas entidades patronais - tendo sido as suas pensões
calculadas de acordo com aquelas suas contribuições e de acordo com a lei
vigente na altura da sua passagem à reforma.
Sr. Primeiro-ministro: dado que o senhor ofende e
desrespeita os direitos dos reformados que adquiriram essa qualidade legal e
legitimamente, sentimo-nos com todo o direito de protestar veementemente contra
esta sua atitude, e de lhe solicitar que nos apresente um pedido de desculpas
público que venha contribuir para a reposição da verdade. Ainda assim, estamos
disponíveis para debater esta questão consigo em audiência que lhe solicitamos
desde já.
A nossa causa é justa e não nos calaremos sem vermos
reposta a verdade e a justiça.
APRE
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